16 de maio de 2012

Esquina da Vida

Saber assim que as coisas não funcionam como relógio, na eterna constância do tic-tac. Que pronunciar um nome ou lembrar de um rosto pode reviver esquecimentos e causar pequenas insônias.
Ao sair, ando pelas ruas molhadas de chuva, suor e cansaço, cada paço leva a um novo olhar de um futuro imaginado, de um presente improvisado, de um passado esquecido e que me leva a escrever roteiros intermináveis de minhas intermitências, de falas que agradam - é incrível nossa capacidade de remontar o que nos convém.
Sento agora na esquina de todos os momentos e assisto o vai e vem de bolas coloridas nas querida mesa verde, todos apostando suas noites e transformando cada aposta num motivo de riso e grito. A expressão literal do cotidiano das esquinas. A emoção contida num movimento certo.
Mais certeza do que meus olhos e coração.
Fica só a vontade de pertencer a uma realidade como essa, de pertencera uma rota de fuga tão pura e suja ao mesmo tempo. Pensei em fugir já, achei somente a profundeza de pensamento em cima de um palco, porém deveria ter buscado algo como isso.
Estamos todos aqui fugindo.
Deveria fugir como eles, em tacos quebrados e moedas perdidas, na paisagem fixa e eterna de uma reunião de vícios, cada jogada se joga uma angustia, um sonho mal realizado.
E aqui, por um segundo, pertenço a essa cena e divido o mesmo motivo. Retrato a fuga como uma forma de despertencer e fugir....
Tento esquece e apensa abstrair o contorno, mesmo co todos os olhos em cima de mim.
Todo nós somos personagens na mesma história, somos até os mesmos personagens. E estamos todos perdidos, porém juntos.
E andar e para no espaço, e esse espaço me permite ser outra de mim mesma, sem lembrar daquilo que problematiza todo o resto.
O vício pelo jogo e pela aposta.
O jogo sem regras da vida, da mesa das indiferenças.

Segunda, 14 de Maio de 2012
Lia de Godoy Ferraz

Nenhum comentário: